terça-feira, 8 de abril de 2008

Vida de laboratório, vida do Departamento

Em 1979, Bruno Latour e Steve Woolgar publicaram um livro que tornou-se um marco nos Estudos Sociais da Ciência. A obra chama-se Laboratory Life e analisa antropologicamente o laboratório do vencedor do prêmio Nobel, Roger Guillemin, no Instituto Salk, na Califórnia. Trata-se de uma vasta observação de como a Ciência funciona internamente, levando em conta os procedimentos de um laboratório científico, a relação entre os cientistas, a discreta luta por prestígio, a divulgação dos resultados obtidos. O objeto de análise é o laboratório e, em um escopo maior, as ciências naturais.

Em um movimento de reflexividade, este tipo de análise etnometodológica poderia ser aplicada também às ciências humanas e sociais? É possível analisar os cientistas humanos e sociais pelo mesmo método? Qual é o locus da atividade científica nestas áreas, digamos, menos "duras"?

Estou convencido que, por conta de uma estratégia de auto-preservação, este tipo de análise reflexiva poucas vezes é empregada pela sociologia ou, mais especificamente, pelos estudiosos da Ciência e Tecnologia, acerca de seu próprio ofício. Construímos, afinal, nossa própria caixa-preta. Não pretendo tomar para mim o projeto de realizar esta análise. Ainda não. Eventualmente, porém, acho que vou colocando aqui algumas das minhas observações sobre a vida dos pesquisadores do Departamento de Política Científica, daqui da UNICAMP. O que eles fazem? Como se organizam e como se relacionam? Como "produzem" fatos científicos? Como se posicionam politicamente?

Acho que um relato deste gênero servirá para exercitar o sociólogo que está por aqui, dentro de mim, perdido no mar do jargão da Economia. E, para quem for paciente, deverá servir como uma espécie de diário de campo antropológico; algo como visitar uma tribo exótica de um lugar distante...

Bon voyage!

3 comentários:

Unknown disse...

Sempre realizando a etnográfia do corredor heim!

Rolo disse...

Opa... velhos hábitos não somem tão depressa... hehehe...

um abraço!

Rolo disse...

Opa... velhos hábitos não somem tão depressa... hehehe...

um abraço!