terça-feira, 26 de agosto de 2008

80's

Certamente, muitos já assistiram o filme chamado Forrest Gump. Além do belo enredo e da atuação premiada de Tom Hanks, a película destacou-se por conta dos belos efeitos que colocavam o protagonista lado a lado com celebridades dos anos 70 e anos 80. Não pretendo menosprezar nem o filme (e nem o livro) estudanidense, mas a idéia não era tão inédita quanto muitos podem pensar.

Lá pelo final dos anos 80 eu era ainda um garotinho, não muito acostumado com o fato de dormir tarde e ainda não muito apto com as sutilezas do humor e da política. Mas me lembrava (e agora pude relembrar - viva o Youtube!) da abertura do antigo programa do Jô Soares, chamado Viva o Gordo. Transmitido pela rede Globo, a abertura consistia de montagens do comediante interagindo com figuras políticas da época, de modo muito parecido com o Forrest.

Não sei quantos vão se lembrar das personalidades, mas estavam ali Sarney, Reagan, Tatcher e até mesmo o Gorbachev (hãããã... quem?). Sim, eu vivi durante o tempo em que a União Soviética ainda existia e o Jô Soares ainda não era um entrevistador megalomaníaco. História Antiga, hein?

Para os curiosos...




quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A Vida Como Ela É

Um dos objetivos iniciais deste blog era transmitir os detalhes e nuances do meu cotidiano "longe de casa". Muitas vezes, empreguei este expediente para preencher o espaço aqui. Em outras, acabei divagando sobre filosofias e sociologias - um caminho nem sempre muito interessante para todos os leitores.

Para controlar o narcisimo implícito da atividade de blogueiro, acho que vez ou outra fico me patrulhando para mudar o tom do discurso, para torná-lo menos hermético e menos pedante. Porém, escrever em um estilo despretencioso e espirituoso é um tanto difícil. E parece que os textos desse gênero ficam muito melhores quando são nascidos de raros momentos em que se aliam as contingências da vida e estados de humor específicos.

Hoje, portanto, apresento um texto de autoria alheia. Rafael Bennertz, meu colega de moradia e comparsa acadêmico criou, através de um e-mail queixoso a todos os colegas de moradia, um relato despretencioso (e um tanto cômico) sobre as últimas novidades da República da Rua Desembargador Antão de Moraes, 999. Não foi pensado como um manifesto ou um ensaio, mas é daí que vem a riqueza do relato.

Então, sem mais demora: Ratos na Casa, um relato direto e contundente sobre a "miséria" da vida estudantil.

Galera,

Acho que só o Matheus não ficou sabendo do acontecido de ontem.

Há ratos pela casa, tivemos evidência disto ontem quanto um representante deles veio requerer uso de um espaço junto ao quarto do Jundiaí e também na sala de televisão, sala do telefone.

O Luiz que é químico pode contar melhor esta história, mas uma das explicações para o surgimento da vida está relacionado com a disposição de roupas velhas, papeis velhos, trapos e restos de comida e o surgimento de ratos e baratas. Acreditava-se que eles surgiam destes elementos. Acontece que muitos anos depois aprendemos, por meio da observação empírica e do controle das amostras que o aquilo que ocorre é o fato de que os ratos, baratas, pulgas, aranhas, etc, se alojam junto destes entulhos e restos de comida. Como todos da casa sabem, estes animais transitem doenças que podem afetar nós, os seres humanos.

Por algum motivo, já há algum tempo, temos ouvido barulhos no forro da casa. Eu imaginava que fossem gabás, agora surge a hipótese de serem ratos, ou ratazanas pelo barulho que fazem. Também lembro, como o Luiz comentou ontem: "e se essas doenças (diarréia principalmente) que alguns da casa vem sofrendo estão diretamente relacionadas com os nosso inquilinos?"

Mesmo tendo encontrado, e expulsado, aquel rato de casa na noite de ontem ainda permanece uma mentalidade de descuido na casa.
Para a surpresa geral da república hoje quando acordo e vou preparar o café matinal encontro louça suja com restos de comida na pia, plásticos onde se armazena hambúrgers abertos e jogados ao lado do fogão e uma bela caixa de papelão úmida do lado do lixeiro. AO LADO, ESTAVA AO LADO DO LIXEIRO. POR QUE O CIDADÃO NÃO COLOCOU DENTRO DO LIXEIRO???????

Mesmo sabendo que há a possibilidade de haver ratos no teto da casa as pessoas continuam agindo irresponsávelmente. PORRA, EU NÂO QUERO COME ONDE RATOS E BARATAS FIZERAM A FESTA!!!!

Será que é tão complicado cada um fazer a sua parte. Lavar a sua louça. Incontáveis vezes que eu (outros tbm fazem, mas deixo para que eles se manifestem) tenho que lavar a louça de alguns que não colaboram porque se não lavar não tem louça, panela, talheres, copos, xícaras, para usar.

SE MANCOL GALERA...

Se alguém tiver problema com o que eu escrevi que se manifeste!

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E os erros de português dão o tom exato da urgência e indignação. Se estivesse muito mais elaborado, não ficaria tão espontâneo. Aos eventuais leitores que estiverem preocupados com as questões acerca de nossa saúde e qualidade sanitária, eu recomendo calma. Não se preocupem: pretendo lavar a louça sempre antes de usar!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Coisas que ainda não entendo - Parte I

O calendário acadêmico da UNICAMP: as datas indicadas na agenda que eles distribuem nunca corresponde com as datas reais como, por exemplo, a data para o início das aulas para os alunos de pós-graduação. Esta foi a segunda vez que vim parar em Campinas antes do início das aulas, simplesmente por acreditar no material impresso que eles me entregaram no começo do ano!

O sistema de matrículas da UNICAMP: eu me refiro ao sistema computacional, via internet. É óbvio que fico muito aliviado de não precisar desembolsar um centavo sequer para estudar, mas fico um pouco irritado com o sistema de matrículas. É vergonhasamente ultrapassado. Dá para acreditar que eu tenho que DIGITAR o código das disciplinas que eu pretendo cursar? A Universidade deve ter um dos melhores centros de Ciência da Computação do Brasil e não são capazes de fazer um sistema eu que eu possa escolher as disciplinas através de um clique do mouse?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Porcelana chinesa?

O espetáculo olímpico, eu confesso, dificilmente consegue atrair a minha atenção por mais do que alguns poucos minutos. Na verdade, o bombardeio jornalístico constante, a euforia ufanista desproporcional e a quantidade de informação desnecessária e incompleta chega a ser (na minha modesta opinião) nauseante. Afinal, me parece um tanto estranho o torpor coletivo causado pelo evento - o espetáculo do esforço financeiro e logístico das nações do mundo, com seus super-homens talhados à suor, dinheiro e tecnologia. Talvez o fascínio se esvaia na fumaça da euforia alheia, mas não estou bem certo.

Por outro lado, ignorar o evento olímpico não parece muito inteligente e também não parece muito justo: there's more to the picture than meets the eye. Sem muito esforço, por exemplo, podemos relacionar a história das Olimpíadas com a Política Mundial. A Guerra Fria está representada - indiretamente - na competição entre os EUA e a União Soviética pela supremacia olímpica. O capitalismo e o socialismo, representado por homens e mulheres, se confrontavam nos campos de batalha cuidadosamente mediados do esporte, como em uma batalha antiga, como um duelo de cavalheiros vitorianos. E os resultados destas civilizadas disputas certamente eram transformados em recursos retóricos para exaltar uma ou outra nação ou ideologia. Hitler certamente tentou utilizar a Olimpíada de Berlim, em 1936, como um estandarte para a supremacia ariana e até mesmo um boicote já era ensaiado naqueles tempos. Como o boicote é aventado agora, em relação à China.

O gigante chinês cresce diariamente, diante dos olhos incrédulos do Ocidente. Falar da China sem utilizar palavras como censura, trabalho precário, Tibete ou imperialismo é quase impossível. O boicote, é verdade, assume agora outras formas. Nos tempos de transmissão televisiva em tempo real, internet e mídia participativa, o boicote é mais do que nunca, uma prerrogativa dos espectadores. Por um lado, pelo fato de que os atletas são cada vez menos influenciados por ideologias - não existem mais ginastas comunistas e os atletas cubanos andam fugindo sempre que possível. Mas além disso, é preciso considerar o custo de um boicote na carreira de um esportista, em tempos de alta perfomance e competição: abandonar uma Olimpíada pode significar ostracismo e aposentadoria precoces. E as manifestações em praças ou nos estádios serão, com certeza, acompanhadas de perto pelas autoridades chinesas. O boicote às Olimpíadas de Pequim, deste modo, dissemina-se predominantemente na noosfera - no mundo das idéias e da informação. Internet, mídia escrita e televisiva.

Para mim, aderir ou não ao boicote não é exatamente uma questão relevante. Provavelmente eu realizaria o meu próprio boicote através do desinteresse, excetuando-se talvez uma ou outra espiada em nome da curiosidade e do interesse pelos aspectos técnicos de alguns esportes. Acompanhar o evento de perto implica em dispender muito tempo e esforço que considero melhor empregado com outras "bobagens". Eis o meu boicote: o boicote do pijama, da preguiça.

Pensando em termos práticos, atualmente um boicote à China é - com o perdão do trocadilho - uma tarefa olímpica. Basta lembrar que boa parte de nossos eletrônicos, nossos acessórios de vestimenta ou utensílios domésticos são fabricados na China. Os motivos do boicote podem ser nobres, mas por qual motivo eles deveriam se restringir aos jogos olímpicos? A China certamente é um governo autoritário; a China certamente possui condições de trabalho e de qualidade de vida lamentáveis; a China provavelmente exerceu um tipo de imperialismo com a invasão do Tibete. Mas, no final das contas, deixar de assistir os jogos vai mudar o mundo? As redes de televisão do mundo já pagaram pelos direitos de transmissão dos jogos, os jornalistas já estão perambulando por lá, o McDonald's vai vender seu lanchinho temático com o mascote dos jogos, o mundo gira e amanhã (eu espero) o Sol vai nascer novamente. Não se trata de imobilismo simples e direto, mas de uma forte intuição indicando que o boicote aos jogos olímpicos chineses é tão espetacular quanto o próprio evento. Tem muito mais de pirotecnia social do que reflexão. Neste sentido, partir da boa intenção para a ignorância é muito fácil e rápido.

É óbvio que as liberdades individuais devem prevalecer, seja para os que querem boicotar ou para aqueles que querem desfrutar os jogos olímpicos. No entanto, insisto que o princípio dos boicotes é, em si, impraticável. De boicote em boicote inviabilizaríamos o mundo, tal qual o conhecemos. Strauss compôs o Hino Olímpico de 1936, a pedido do Reich, e ainda assim suas obras são ouvidas e admiradas por suas qualidades intrínsecas, ao invés de serem menosprezadas pelas falhas de caráter de seu criador. Eu prefiro acreditar que a Humanidade ganhou ao não boicotar Strauss, mas sempre há margem para discussão.

E enquanto isso, a Olimpíada segue. Com boicote ou sem boicote. Ainda bem que o Sol vai nascer amanhã...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Em breve...

...alguma coisa nova por aqui!

As "férias" (entre aspas mesmo, pois me disseram que bolsista não tem férias) acabaram. Foi tudo muito bem, tudo muito bom, mas agora voltei para Campinas e para a rotina de estudante. E, com isso, também pretendo voltar com o hábito um tanto diletante de escrever aqui.

Até breve...